Ela
fazia de tudo pra que ele saísse ileso de toda aquela situação, mas
parece que seus dias já estavam contados. Ela o tratava com toda
dedicação merecida. Alimentava-o de lembranças dos seus dias mais doces.
Relembrava as histórias em que ele foi o personagem principal dos seus
contos.
Todas
as vezes que as forças lhe faltavam, era ela quem o colocava no colo,
acalentando-o como quem protege sua cria. Ressuscitando-o com a
transfusão do seu calor. Ela fazia aquilo de maneira solitária e
solidária. Ofertando pequenos fragmentos dela em troca da certeza de que
ele nunca morreria.
Mas
dia após dia ele desaparecia aos poucos. Ela, desesperadamente, pedia
ajuda. Mas nada revertia o delicado quadro clínico em que ele se
encontrava. Sua morte era certa. Mais cedo ou mais tarde ele iria
partir. E ela não acreditava que, aquele que sempre esteve por perto,
mesmo que lhe causando certo desconforto, iria deixá-la pra sempre.
Numa
manhã de domingo ela se pôs a caminhar nas proximidades da sua casa.
Você apareceu, de repente, cruzando a mesma calçada. Vocês sorriram e
até se abraçaram. Ela estava linda e radiante como você nunca a viu.
Você perguntou por ele, mas ela desconversou. Você acreditou que ele ainda estivesse com ela, respirando com ajuda de aparelhos e que ela não o deixaria morrer por completo.
Mas era tarde demais. Ele já havia morrido. E a sua morte colocaria um fim a todas as esperanças que vocês tentaram manter. E aquela morte faria com ela pudesse seguir, por fim, em paz o seu caminho.
Você não sabia, mas naquela manhã ela havia confirmado a morte anunciada do Amor.
1 comentários:
Gostei muito do seu texto! Seguir nosso caminho em paz é sempre muito bom... Pena que as paixões costumam ser inimigas da paz, né?
Beijo.
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