quinta-feira, 7 de abril de 2011


Não é frescura
Não é doce
Não é resmungo
Não é fome
Não é fratura exposta
Não é jogo do contente.

Não quebraram meu brinquedo
Não roubaram os meus sonhos
Não assassinaram todos os meus heróis
Não me bateram na face
Não me ofenderam em praça pública.

Não levaram meus amigos
Não estou chorando sem parar
Não vejo sangue esguichando
Não fiquei com nenhuma seqüela
Não me falta parte alguma do corpo
Não tenho doença alguma que antecipe minha morte.

Não quero que me dêem colo
Não quero que passem a mão na minha cabeça
Não quero palavras de piedade
Não quero compreensão
Não quero livros de auto-ajuda
Não quero a moral das histórias que se assemelhem com esperança


Não é nada disso.

É algo esquisito que me deixa inquieta
É uma fadiga nas mãos e uma dormência no coração
São palavras e lembranças se esbarrando dentro de mim
E um abismo diante dos meus pés
Não é nada disso.
E ao mesmo tempo...


Tudo isso.

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