terça-feira, 22 de junho de 2010

"É tão estranho... Os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você. Que acabou indo embora... Cedo demais."  
(Love In The Afternoon - Legião Urbana)



Pedro Gonçalves da Costa tinha 16 anos quando um motorista, dirigindo sob efeito do álcool e em alta velocidade, lhe tirou a vida no ano passado. Era por volta de 07h15 da manhã quando ele e seus amigos atravessavam a W3 Sul em direção ao colégio Setor Oeste. Pedro estava no 2º grau e se preparava para fazer o vestibular.

Não. Eu não tive contato com o Pedro. Mas nossa história se cruza pelo fato dele ser filho de um querido amigo do meu pai. Quando recebi a notícia de sua morte senti uma imensa tristeza pelo fato de um jovem ter morrido assim tão cedo. Pensei na dor de se enterrar um filho. Pensei na dor de deixar incompletos os tantos sonhos que ele deveria ter.

Na semana passada ele completaria 18 anos. Assim como meu irmão completou esse mês. E meu pai me falou do convite feito pelo tio Franklin, pai de Pedro, para o lançamento do livro do seu filho. Fiquei surpresa e imaginei que fosse algo feito pelo pai registrando a história de seu filho. Mas foi algo mais...

Meses depois da morte de seu filho, tio Franklin encontrou entre suas coisas centenas de versos que  revelaram o poeta Pedro. Ele escrevia, em silêncio,  sobre a sua maneira de olhar a vida e as coisas que aconteciam ao seu redor. Quando eu li não acreditei que aquele menino, tão novo, tão tímido, pudesse ter tamanha sensibilidade diante do mundo.

Lágrimas não cessavam de cair dos meus olhos quando percebi a força de sua família ao ver seu filho tão vivo em cada um daqueles versos. E eu, que não tive contato com ele, me vi totalmente encantada com aquele livro em minhas mãos, com tantas coisas para perceber e entender, a partir do olhar de Pedro Gonçalves da Costa. Uma estrela solidária, que brilha no céu pra sempre.

A vida é azul

Atravesso rios e pontes,
percorro montes e vales,
alcanço grutas e mares,
só pra te dizer, meu amor,
que a vida é azul. 

Transformo meu grito em eco,
mudo meu pranto em sorriso,
revejo mentira em verdade,
só pra te dizer, meu amor,
que a vida é azul. 

As coisas que nos parecem nocivas,
por mais que possam nos machucar,
e nos deixar bem entristecidos,
sempre haverá motivos,
pra te dizer, meu amor,
que a vida é azul. 

(Pedro Gonçalves da Costa)

4 comentários:

Marco Romer disse...

Putz. Que tristeza. :( Parece que o destino dos poetas é realmente nos deixar cedo. Mas fica a poesia, essa fica para sempre.

PS: me dá um livro desse de presente, tá?

Unknown disse...

Caramba... meu braço até arrepiou...

Abraço

Unknown disse...

Marco, você vai gostar do livro. Pedro tinha uma sensibilidade da vida indescritível.

Beijos,

Karine

Ana Cau disse...

arrepiei também...